O tenente-coronel Mauro Cid poderá ter sua delação anulada, diante das revelações da revista Veja, saída ontem, 21. Em áudios de conversas de Cid com uma amiga, obtidos pela revista, há revelações e críticas à Polícia Federal, ao Ministério Público, ao ministro Alexandre de Moraes e ao Supremo Tribunal Federal. O tenente-coronel afirma que suas declarações foram distorcidas e outras omitidas pela Polícia Federal. Consta nos áudios: "Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo". O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse mais: "Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam. E todas as vezes eles falavam: "Ó, mas a sua colaboração. Ó, a sua colaboração está muito boa. Ele (o delegado) até falou: "vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por nove negócios de vacina, nove tentativas de falsificação de vacina. Vai ser indiciado por associação criminosa e mais um tempo lá. Ele falou assim: Só essa brincadeira são trinta anos para você".
Falou sobre Alexandre de Moraes: "O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação". Cid informe que o ministro Alexandre de Moraes manteve um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro. "Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: "Quer que eu fale?". Ele investe até contra Bolsonaro: "Quem mais se f... fui eu. quem mais perdeu coisa fui eu. O único que teve pai, filha, esposa envolvido, o único que perdeu a carreira, o único que perdeu a vida financeira fui eu. Ninguém perder carreira, ninguém perdeu vida financeira como eu perdi. Todo mundo já era quatro estrelas, já tinha atingido o topo, né? O presidente teve Pix de milhões, ficou milionário, né?". A revista Veja conclui: "Ouvindo a conversa, a impressão que se tem é que há dois Cids diferentes na mesma pessoa - o colaborador, cujas informações têm sido fundamentais para desnudar a tentativa de golpe, e o injustiçado, cujas palavras estão sendo modificadas por policiais enviesados. Um deles, evidentemente, não diz a verdade".
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