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domingo, 12 de maio de 2024

INSENSATEZ DO MINISTRO DO ESPORTE

O Ministério do Esporte oficializou na sexta-feira, 10, pedido de paralisação do Campeonato Brasileiro, face ao estado de calamidade pública que atravessa o Rio Grande do Sul. O ofício foi encaminhado ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, que respondeu, de imediato, depender da manifestação dos clubes participantes. O presidente acrescentou que se houver paralisação como proceder com "as competições internacionais que seguem?" O documento cita a situação "dos estádios de futebol, campos de treinamento, concentração e local físico onde todos os envolvidos no esporte circulam, mais por todas as pessoas, familiares e seus entes que se doam neste momento na sobrevivência e reconstrução de casas e tudo mais afetado".  

A tristeza, o sofrimento do povo gaúcho não podem causar paralisação das atividades Brasil afora. Provoca, como está ocorrendo, solidariedade e participação efetiva com ações voltadas para diminuir o sofrimento dos gaúchos. Nunca entretanto, devem os outros estados atribuir-se, a si próprios, sem causas, os mesmos percalços pelos quais passa o estado do Rio Grande do Sul. O que se tem de fazer é ajudar, contribuir, atuar para amenizar o martírio que atravessam nossos irmãos gaúchos. Será que o Ministério do Esporte quer a imolação de todos os clubes brasileiros? É insensatez, sem tamanho, essa reivindicação do Ministério do Esporte que se pode entender como política baixa para transparecer a ajuda aos gaúchos. Mas essa não é forma para ajudar o povo do Rio Grande.  

Ao invés de pedir a suspensão do Campeonato Brasileiro masculino e feminino, o Ministério do Esporte deveria pedir direcionamento de parte das arrecadações nos estádios para mitigar o resultado do fenômeno natural que abateu ao Estado. Afinal, nada reverterá para o povo do Rio Grande do Sul com a paralisação do certame, mas pelo contrário ampliará o sofrimento, porque os atletas terão de receber seus salários, os funcionários dos clubes não encontrarão outra forma de sobrevivência que não seja a remuneração mensal dos clubes. E onde os dirigentes participantes do Campeonato encontrarão recursos para pagar a todo esse pessoal? E como os dirigentes poderão direcionar eventuais recursos para o Rio Grande do Sul? Afinal, a arrecadação estará suspensa. Sem pedido algum, o Atlético Mineiro, em Belo Horizonte, levou mais de 36 mil pessoas ao estádio, ontem, 11, onde treinou com portões abertos, vez que adiado o jogo contra o Grêmio, e arrecadou R$ 666.090,00, destinado ao povo gaúcho. Doou também alimentos não perecíveis. 

Enfim, a proposta do Ministério do Esporte, endossada pela diretoria dos três clubes do Rio Grande do Sul, que participam do torneio, é indecorosa e sem o menor cabimento. É como se toda a família de um cidadão que sofreu algum desastre dispusesse a passar pelo mesmo sofrimento que aquele membro atravessa. Será que a família estará ajudando seu membro com a imolação?    

Salvador, 12 de maio de 2024.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.


 


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