sexta-feira, 26 de julho de 2024

ESTADOS UNIDOS: PROCURADORA CONTRA UM CRIMINOSO

A vice-presidente dos Estados Unidos, agora candidata à Presidência da República, Kamala Harris, andou muito bem quando em comício, buscou comparar sua conduta como procuradora com o procedimento do empresário Donald Trump, condenado criminalmente. Declarou Kamala: "Ao longo da minha carreira, lidei com criminosos de todos os tipos. Predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que roubaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras para seu próprio benefício. Então me ouçam quando eu digo: eu conheço o tipo de Donald Trump". Na sequência de sua pregação, a candidata enumerou duas condenações do candidato republicano: condenado a indenizar a jornalista E. Jean Carrol, acusado da prática do crime de estupro e condenado por falsificações de registros empresariais para encobrir pagamentos à ex-atriz pornô Stormy Daniels, em 2016; ele desembolsou US$ 130 mil para comprar o silêncio da ex-atriz. Assim, tornou-se o primeiro e único presidente dos Estados Unidos a ser réu.

Trump teve outras condenações por maracutaias praticadas na sua vida empresarial, porque envolvido em vários crimes. O ex-presidente fraudou balanços de sua empresa, a Trump Organization e recebeu a pena da multa de US$ 454 milhões, correspondente a R$ 2,2 bilhões, além de proibido de fazer negócios no estado de Nova York pelo período de três anos. Ademais, o ex-presidente enfrentará mais três processos criminais de maiores gravidades, referentes às tentativas para anular as eleições de 2020 e o fato de ter levado para sua casa documentos confidenciais da Casa Branca. Trump tem outros fatos desabonadores de sua conduta como presidente, quando encobriu com anistia, seus amigos, condenados; foi o caso do Paul Manafor, ex-chefe da campanha, condenado por fraude fiscal; de Roger Stone, condenado por mentir no Congresso, ambos anistiados. 

Na caminhada eleitoral, Trump tem obtido apoio de bilionários de grandes negócios e já assumiu compromisso com lobistas do setor de petróleo, prometendo atuar em seu favor, se conseguir o cargo, em troca de US$ 1 bilhão para sua campanha política. Apenas 24 horas, após a desistência de Biden, o apoio a Kamala, a ex-procuradora-geral da Califórnia, obteve US$ 81 milhões em doações, equivalente a R$ 450 milhões; o motivo maior de comemoração é que este valor originou-se não de um ou dois grandes empresários, mais de 888 mil pessoas. Nas pesquisas, a candidata aparece praticamente empatada com o ex-presidente, mas há de ser considerado o fato de que Kamala só, recentemente, teve seu nome lançado como candidata à Presidência.   

Dentre da pauta de proposições de Kamala estão inseridos: lei garantindo o aborto, mais rigidez na legislação para acesso a armas de fogo, banir comercialização de armas semelhantes às usadas por militares, ampliação de direitos trabalhistas e cuidados maiores com a infância. Assegurou que vai "reconstruir a classe média", porque "quando a classe média é forte, os EUA são fortes". A jornalista Lúcia Guimarães, na sua coluna no jornal Folha de São Paulo, escreveu: "A eleição, até há dias definida pela idade avançada de dois homens brancos, virou a disputa de um idoso declarado culpado de estuprar uma jornalista contra a filha de um economista jamaicano e de uma cientista indiana que, à época em que foi promotora, colocou vários patifes como Trump na cadeia".       

Santana, 26 de julho de 2024.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.


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