Por fim, o ministro Gilmar Mendes, especialista em liberar da prisão ou anular processos de amigos; aliás ele ficou conhecido como "soltador Oficial" do STF. O caso mais conturbado deu-se com empresários do transporte do Rio de Janeiro, envolvidos em corrupção, lavagem de ativos e organização criminosa. Trata-se de Jacob Barata, liberado por Mendes em três oportunidades; era prender, e Mendes aparecia para liberar o amigo. Mas Gilmar Mendes não aparece somente na liberação do amigo Jacob Barata. Foi ele quem deu liberdade para o ex-secretário do governo José Richa, Beto Richa, irmão do ex-governador do Paraná, apesar da manifestação dos promotores pela manutenção da prisão; Beto era acusado de participação em fraude à licitação e desvio de recursos em estradas rurais no Paraná. A "bondade" de Mendes prossegue, quando mandou soltar de ofício Marcelo Crivela, ex-prefeito do Rio de Janeiro, mesmo com prisão decretada pelo presidente do STJ, ministro Humberto Martins. Segundo o ex-procurador da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, Deltan Dallagnol, Gilmar Mendes já concedeu 47 Habeas Corpus a presos da Operação. Além das decisões benevolentes, favorecendo amigos e corruptos, registre-se que colegas, magistrados, procuradores e promotores têm sido alvo das ironias destemperadas do ministro, causando as mais abusadas e inaceitáveis discussões.
O caso mais presente de ministros com decisões estapafúrdias são os dois nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Nunes Marques e André Mendonça nunca imaginaram desembarcar no STF. Nunes Marques pedia voto para subir ao STJ, mas Bolsonaro encontrou o momento ideal para ganhar o ministro no STF e ofereceu-lhe uma cadeira. André Mendonça foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro e tinha como argumento, desenvolvido por Bolsonaro, o fato de ser "terrivelmente evangélico". Os dois ministros foram os únicos que divergiram do relator, Alexandre de Moraes, no julgamento dos acusados pela participação nos atos golpistas do 8 de janeiro. Nunes Marques paralisou muitos julgamentos, quando a votação pendia contra Bolsonaro, e, nessas ocasiões, prendia o processo, através de pedido de vista. As decisões monocráticas era outro subterfúgio para proteger o então presidente. Chamou a atenção, quando Nunes Marque liberou as missas e cultos, durante a pandemia da Covid-19, atendendo pedido de Bolsonaro.
Enfim, o STF perdeu a credibilidade do brasileiro, seja por votação de cunho político seja por decisões monocráticas para atender a interesses de amigos dos ministros.
Salvador, 11 de agosto de 2024.
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