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domingo, 4 de setembro de 2016

MATA DE SÃO JOÃO, MUNICÍPIO MAIS VIOLENTO DO BRASIL

O Mapa Violência do Brasil/2016 mostra que no Nordeste estão as cidades mais violentas. Encontram-se nessa região, 107 dos 150 municípios, com maiores taxas de homicídio por arma de fogo, ou seja, 2 a cada 3 homicídios. 

O município de Mata de São João, cerca de 60 quilômetros de Salvador, é considerada o mais violento de todo o país, considerando o número de mortos com criminosos usando armas de fogo; nessa cidade, onde a indústria de turismo é significativa para seu desenvolvimento, registra-se 102,9 homicídios para cada 100 mil habitantes. A análise foi feita em 3 (três) mil municípios, no periodo de 2012 a 2014; nessas áreas concentram 98% dos homicídios do país. Na Bahia, foram incluídos Lauro de Freitas, Pojuca, Simões Filho, Itabuna, Eunápolis, Valença, Itabela e Porto Seguro. 

Já nos números colhidos em 2010/2012, o município de Mata de São João figurava na 5ª posição, com 93,1 homicídios por 100 mil habitantes, tendo subido para 102,9. 

O município tem linda região litorânea, que se inicia na Praia do Forte e vai até a Costa do Sauípe, com 28 quilômetros de litoral e reservas naturais, onde se encontram algumas das maiores redes de hotéis do mundo.

Saindo da Bahia, em Alagoas, estão dois municípios que ocupam a 3ª e 4ª posições, respectivamente: Murici e Satuba. Conde, PB, Eusébio, CE, e Pilar, AL, despontam nos 4º, 5º e 6º lugares em termos de violência. Voltando a Bahia, Simões Filho, Pojuca e Lauro de Freitas aparecem na 8ª, 9ª e 10ª colocação. Portanto, entre os dez municípios mais violentos do Brasil, quatro estão situados na Bahia. 

Não se entende como os governantes levantam a bandeira de grandes êxitos no combate à violência, escondendo o quadro negro da selvageria do Estado. Fica-se entorpecido com o crime no Rio de Janeiro, mas não deixam o povo saber que o município mais violento de todo o país é da Bahia. E mais: aqui, estão quatro dos dez municípios mais violentos do Brasil: Simões Filho, Pojuca e Lauro de Freitas, além de Mata de São João. 

A Comarca de Mata de São João, apesar da proximidade com Salvador, já passou por períodos sem juiz titular na Vara Crime. Há um ano atrás, o titular da Vara Cível, juiz, bel. Admar Ferreira Sousa, acumulava a substituição e era responsável por 11 mil processos. Atualmente, a Vara Crime está provida com a juíza Élbia Rosane Sousa de Araújo; no cartório, entretanto, conta com apenas dois servidores e não dispõe de nenhum Oficial de justiça; em casos urgentes, convoca-se a administradora do fórum para cumprir diligências. 

Na Vara Crime tramitam em torno de 5 mil processos e quase 10% desse número são processos relativos a homicídio; certamente, haverá muitas prescrições para impedir a punibilidade de criminosos, como já ocorre com muita frequência. A motivação maior para a conclusão desses processos situa-se na falta de servidor, de ambiente de trabalho e de estrutura para punição dos criminosos. A dificuldade é tão grande que, no ano passado, na semana do júri, somente se conseguiu pautar dois processos para julgamento. Esse cenário da unidade contribui sobremaneira para a impunidade, pois como o cidadão vai tomar conhecimento das ordens ou chamamentos do juiz sem Oficial de Justiça? 

Mata de São João ainda não foi agraciada com um Juizado Especial, nem mesmo o adjunto, apesar de a instalação desse sistema não fazer grande diferença, porque esses juizados estão funcionando com os servidores das varas cíveis e criminais e Mata de São João dispõe de apenas cinco servidores para quase 11 mil processos. 

O município mais violento do Brasil tem apenas um juiz, atualmente, dispõe de três promotores e não tem defensor público. Essa, infelizmente, não é situação isolada, pois as Comarcas, no interior, estão abandonadas, sem servidor, sem juiz, sem defensor e, muitas, sem promotor. 

É o crescimento do crime em função da impunidade! 


Salvador, 03 de setembro de 2016.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

sábado, 3 de setembro de 2016

SAIU NO DIÁRIO DO PODER COLUNA DE CLÁUDIO HUMBERTO

TRAMA DO “FATIAMENTO” DEIXOU OPOSIÇÃO PERPLEXA
A antiga oposição a Dilma e ao PT ainda permanece atordoada com a trama do presidente do Senado, Renan Calheiros, para “fatiar” o impeachment. Apesar dos indícios de que o “estupro coletivo” da Constituição foi uma jogada para “melar” o impeachment e torná-lo sujeito a recursos no Supremo Tribunal Federal (STF), há senadores ainda achando que Renan apenas foi “gentil” com a ex-presidente.

BRASILEIRA DETIDA E MALTRATADA NOS EE. UU.

Anna Stéfane Radeck, 17 anos, detida por 20 (vinte) dias num abrigo de menores, em Chicago, porque estava desacompanhada, quando viajava para Orlando e o voo fez conexão em Detroit, retornou ontem ao Brasil com a mãe, que se queixou das autoridades brasileiras pela omissão na libertação da filha. Liliane Carvalho, que só pode ver a filha três dias depois, em Chicago, informou que Stéfane foi maltratada, no centro para menores, onde passou fome e teve frio. 

Não havia acusação alguma contra a menor, salvo a entrada sem acompanhante, no território dos Estados Unidos, mas as autoridades, em nítido abuso de poder, manteve a menina por 20 dias detenta. Toda a documentação estava em dias inclusive a autorização para viajar sem acompanhante. Nem a presença da mãe em Chicago prestou-se para acabar com a arbitrariedade e libertar a detenta. A juíza que liberou a menor pediu desculpas à família em nome do governo americano e manteve o visto de turista de Stéfane.

DEZ MANDADOS DE SEGURANÇA NO STF

Juntando os Mandados de Segurança sobre o Impeachment, de ontem e outros hoje, já são dez ações ajuizadas no Supremo Tribunal Federal, questionando a segunda votação do Senado Federal que manteve os direitos políticos da ex-presidente. 

Entre essas ações, há uma assinada pelo PSDB, PMDB, DEM, PPS e o Solidariedade no mesmo sentido, ou seja, pedindo seja Dilma Rousseff inabilitada para exercer cargo público, como consequência natural do impeachment, na forma da Constituição Federal, art. 52, § único. 

Todos os Mandados de Segurança foram distribuídos para a ministra Rosa Weber, que é a relatora.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

SERVIDORES DO RIO PERDEM AUMENTO COM REPERCUSSÃO GERAL

Os servidores do Judiciário do Rio de Janeiro questionaram a concessão de reajuste salarial pelo então governador, Moreira Franco, através de lei de 1987, excluindo a classe dos servidores da Justiça. Em 2010, o então presidente do TJ/RJ, Luiz Zveiter deferiu pedido para que todos passassem a ter o reajuste. Em 2011, acordo entre o Tribunal e o governo do Rio validou o aumento de 24%.

Ontem, 01/09, o STF, através do ministro Barroso, em plenário virtual, 8 votos a 2 e 1 abstenção, entendeu que os servidores não fazem jus ao reajuste, porque lei anterior de 1984, portanto antes da de n. 1.206/87, já havia contemplado a categoria. Em outra decisão, o STF, por 9 votos a 2, resolveu manifestar pela repercussão geral do tema, atingindo toda a classe em todo o país, podendo repercutir nos vencimentos dos magistrados.

JUIZ É ASSASSINADO: SEIS ANOS DEPOIS SEM JULGAMENTO

O juiz Carlos Alessandro Pitágoras Ribeiro, então titular da Comarca de Camamu, foi assassinado numa briga de trânsito, em julho/2010, em frente ao Iguatemi; deixou esposa e uma filha de 05 anos. 

A versão anotada pela imprensa na época, foi de que o juiz saiu do carro, empunhando uma pistola não registrada e o policial com uma arma com registro vencido. O PM desferiu dois disparos que atingiram o magistrado. O Ministério Público denunciou o PM Daniel dos Santos Soares por homicídio doloso e pediu sua prisão preventiva, decretada pelo juiz Ernane Garcia Rosa, da 2ª Vara Crime, em outubro/2010; em novembro, a prisão foi revogada; em junho/2011, o juiz pronunciou o militar e deixou o processo, quando se aposentou, em 2011, pronto para julgamento pelo juri, que não ocorreu até hoje. 

Não se sabe quando haverá a manifestação dos jurados, nem quando serão esgotados todos os recursos possíveis e, certamente, se o policial for condenado, poderá ocorrer a prescrição sem maiores problemas, acaso prevaleça a tese da minoria do STF que entende possibilidade de prisão somente depois de apreciado o último recurso.

Esse cenário é comum na Bahia e Brasil afora: o ex-prefeito de Jitaúna/Ba, Claudemiro Dias Lima, maior autoridade do município, foi assassinado em 1986. O tempo passou, 29 anos depois, o Judiciário de Jitaúna não concluiu e deu-se a prescrição, ou seja, o processo foi arquivado, porque a Justiça não apurou a ocorrência no período indicado pela lei. O motivo do descaso: a Comarca sem juiz, sem promotor e com pouquíssimos servidores.

Exemplos de casos semelhantes sobram no Judiciário da Bahia: Paratinga, agregada a Ibotirama, tinha mais de 3.000 processos dos quais em torno de 400 criminais e mais de 50 de homicídio; a unidade passou oito anos sem juiz titular, apesar de mais de 30 mil habitantes, com área territorial superior a Feira de Santana, com fórum e casa do juiz; o Tribunal, ao invés de nomear juiz para uma das mais antigas comarcas, entendeu que o melhor remédio consistia em fechar a unidade e jogar os processos para Ibotirama, que já trabalha com poucos recursos; certamente muitos crimes de homicidio serão prescritos, porque Ibotirama já não tem condições de cuidar dos seus processos e recebeu como prêmio a agregação de Paratinga. 

Breve, anotaremos aqui a situação de descaso com outras Comarcas, a exemplo de Mata de São João, considerada a mais violenta do Brasil.

Salvador, 02 de setembro de 2016.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

MINISTRO GILMAR: FATIAMENTO É BIZARRO

O ministro Gilmar Mendes do STF declarou ontem que a decisão do Senado Federal de separar a votação em dois momentos foi “bizarra”. Assegurou que a deliberação não passa “no jardim da infância do direito constitucional”. 

Mendes questionou a votação para perda do cargo e outra votação separada para ser privada de seus direitos políticos; afirmou ainda que não acredita que o STF cancelará a sessão que julgou Dilma. 

Interessante é que o ministro manifesta seu posicionamento antes do julgamento e não se lembra de que será convocado para definir como magistrado. Ontem já se contava três Mandados de Segurança e hoje aparecerão outras ações no STF.

NOVA PRESIDENTE NO STJ


É a primeira vez que o Superior Tribunal de Justiça será dirigido por uma mulher; a ministra Laurita Vaz, assumiu a direção da Corte ontem, 1/9, e governará o STJ no período 2016/2018; em seu discurso assegurou a necessidade de combate à corrupção. A nova presidente ocupa o lugar do ministro Francisco Falcão, que está sendo investigado pela Operação Lava-Jato. O vice-presidente do STJ, também empossado, é o ministro Humberto Martins.

MANDADOS DE SEGURANÇA CONTRA DILMA

O senador Álvaro Dias ingressou ontem, 1/09, com Mandado de Segurança, no STF, pedindo anulação da segunda votação do julgamento do impeachment do Senado Federal, relativo à habilitação da ex-presidente para ocupar cargos públicos. No mesmo sentido, a Associação Médica Brasileira, AMB, impetrou Mandado de Segurança, no STF contra a mesma deliberação. Os pedidos estão embasados no que dispõe a Constituição Federal, art. 52, § único, estabelecendo que a perda do cargo implica na “inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública…” 

Também o PSDB, apoiado pelo PMDB, resolveu ingressar com Mandado de Segurança, questionando a segunda parte do impeachment da ex-presidente, que não considerou a perda dos seus direitos políticos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

DILMA PEDE ANULAÇÃO DO IMPEACHMENT

O advogado da ex-presidente Dilma Rousseff ingressou ontem, 1/9, com Mandado de Segurança no STF contra a decisão do Senado Federal que afastou-a definitivamente da presidência da República, na sessão do dia 31/08.

A defesa de Dilma assegura que a Lei do Impeachment, Lei n. 1.079/50, é incompatível com a Constituição Federal. Pede anulação da deliberação que a destituiu do cargo. O relator do Mandado de Segurança é o ministro Teori Zavascki.