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domingo, 31 de maio de 2020

JURISTAS: "BASTA!"

Um grupo de juristas, mais de 670 assinaturas, lançam hoje, domingo, 31/05, um manifesto “Basta” à Nação, insurgindo contra ataques às instituições pelo presidente Jair Bolsonaro. Está escrito no Manifesto: “A Constituição Federal diz expressamente que são crimes de responsabilidade os atos do presidente da República que atentem contra o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação e contra o cumprimento das leis e das decisões judiciais (artigo 85, incisos II e VII)”. Entre os juristas incluem-se Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, Dalmo Dallari, Celso Lafer, os ex-ministros da Justiça, José Carlos Dias, José Gregori e José Eduardo Cardozo. O documento enuncia crimes de responsabilidade

O manifesto assegura que “o Brasil, suas instituições, seu povo não podem continuar a ser agredidos por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático, atentando, a um só tempo, contra os Poderes Legislativo e Judiciário, contra o Estado de Direito, contra a saúde dos brasileiros, agindo despudoradamente, à luz do dia, incapaz de demonstrar qualquer espírito cívico ou de compaixão para com o sofrimento de tantos".

BONAT ACEITA DENÚNCIA

Juiz Antonio Bonat
O juiz Luiz Antonio Bonat, que substitui o ex-juiz Sérgio Moro, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, recebeu denúncia contra Martin Cheak Kok Choon, ex-presidente do estaleiro Jurong no Brasil; está incluído também na denúncia o doleiro Guilherme Esteves de Jesus. O crime praticado pelos dois é de corrupção e lavagem de dinheiro.

O doleiro Guilherme pagou propina para Renato Duque, Pedro Barusco e Eduardo Musa, ex-executivos da Petrobras, sendo beneficiado com sete contratos para afretamento de sondas no valor de R$ 33 bilhões. 

No período de mais de um ano, Bonat proferiu duas sentenças, recebeu duas denúncias, uma anterior a essa narrada acima, contra os ex-senadores Romero Jucá e Valdir Raupp e essa anotada.

MILITARES NO GOVERNO

Depois da Constituição de 1988 os militares assumiram sua missão constitucional e tivemos mais de trinta anos de tranquilidade, consistente na abstenção de ingerência das Forças Armadas no governo; todavia, a partir de 2018, o governo de Jair Bolsonaro desequilibra o sistema e busca sustentação nos militares que passaram a integrar, em larga escala, o círculo de ministros e assessores. Bem verdade que esses convocados são da reserva e, portanto, não representam a instituição militar. A mídia não tem demonstrado preocupação com esse cenário que começa a perturbar, com declarações inusitadas de ministros militares e do próprio Bolsonaro.

A primeira ingerência das Forças Armadas no governo brasileiro, depois do golpe de 1964, deu-se na redação da Constituição, quando o general Leônidas Pires Gonçalves exigiu os termos da redação do art. 142, que poucos interpretam de maneira a conferir poder às Forças Armadas para exercer o controle social do país em tempos de crise. Afinal, o Exército, Marinha e Aeronáutica prestam-se para garantir os poderes constitucionais, quando requeridas, nunca para interferir por vontade própria. 

A militarização ascendeu com o governo de Jair Bolsonaro, ele mesmo um militar e seu companheiro na vice-presidência também um militar; ademais, foram chamados mais nove ministros militares, dentre os quais alguns que deixaram a ativa para ocupar pastas no governo. Calcula-se em três mil o quantitativo de militares em cargos de confiança no segundo escalão do governo. Bolsonaro transferiu a convocação de políticos ou profissionais para construir um bunker militar em seu governo. O presidente considera o Exército como a “âncora de seu governo”, transferindo dessa forma muito poder político para os militares.

No governo atual, a primeira manifestação dos militares aconteceu no julgamento de um Habeas Corpus para livrar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da cadeia. O comandante do Exército, às vésperas do julgamento, em abril/2018, escreveu no seu Twitter que o Exército Brasileiro repudiava "a impunidade” e lutava pelo “respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais". Se o resultado do julgamento não coincidisse com o intento do comandante, o que aconteceria? Não se sabe.

Ademais, Bolsonaro, que desenvolve um governo confuso, autoritário, sem obediência aos simples princípios de educação e civilidade, participando de movimentos que pregam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, imagina que um golpe militar lhe favoreceria, como pregam seus seguidores; ledo engano, porquanto um capitão não comanda um general, no regime castrense; assim, sem dúvida alguma, um golpe, causaria o maior dano ao capitão: perderia seu posto de comandante e passaria a obedecer ao general. 

O último sinal dos novos tempos, deu-se no Ministério da Saúde com a saída do oncologista Nelson Teich, porque não concordou com orientação do presidente para adotar a cloroquina no protocolo do ministério. Pelo mesmo motivo, seu antecessor deixou o mesmo Ministério, que acomodou Teich por menos de um mês. O sucessor de Teich, um general, convocou para o Ministério da Saúde mais de 12 militares. 

O ministro Gilmar Mendes, do STF, muito apropriadamente, assegurou que estão "usando as Forças Armadas como se fossem milícias de um partido político. Isso é indigno. Isso é uma grande ofensa".

Salvador, 30 de maio de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

sábado, 30 de maio de 2020

CORONAVÍRUS NO MUNDO

O Ministério da Saúde atualizou os números do coronavírus na tarde de hoje, sábado: confirmadas 498.440 pessoas infectadas com o Covid-19; de ontem para hoje foram infectadas 33.274 pessoas e de ontem, sexta feira, para hoje, sábado, morreram 956 pessoas, perfazendo o total geral de 28.834 mortes, ultrapassando o número de óbitos na França, 28.717. A Bahia já registrou um total de 638 mortes, Rio de Janeiro, 5.277 e São Paulo 7.532. O governo de São Paulo prorrogou a quarentena para até 15 de junho.

Nos Estados Unidos morreram 103.389 pessoas, no Reino Unido, 38.458 e na Itália, 33.340; segue o Brasil na quarta posição em maior quantidade de óbitos pela pandemia, desde o início da doença. Segundo a Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos contabilizam 1.8 milhão de casos e o Brasil segue na segunda posição com quase 500 mil.

REDUÇÃO DE MENSALIDADES NAS ESCOLAS

O juiz Paulo Barone Rosa, do 3º JD da Comarca de Belo Horizonte concedeu tutela antecipada para reduzir o valor de mensalidades vincendas de contrato até o retorno das aulas presenciais, no percentual de 25%, em virtude da pandemia. Justificou o magistrado que “trata-se de evento impossível de ser previsto ou evitado, circunstância que autoriza a aplicação dos ditames da teoria da imprevisão ao caso em apreço." Afirmou que cabe o embasamento no art. 478 do Código Civil.

O requerimento dos autores era para diminuir em 50% o valor das mensalidades, mas o julgador entendeu suficiente, na tutela, a redução de 25%.

ROSE É AFASTADA DO INVENTÁRIO DE GUGU

Rose Miriam Di Matteo, mãe dos três filhos de Gugu Liberato, foi afastada pela juíza Eliane da Câmara Leite Ferreira, do processo de partilha dos bens do apresentador. A magistrada sustentou sua decisão em documentos entregues pela família nos quais Di Matteo fez acordo com o apresentador, afastadas "relações conjugais ou intimidades com o pai das crianças". 

Inicialmente, foi concedida à mãe das crianças pensão mensal de R$ 100 mil, mas essa decisão foi cassada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. A magistrada considerou também esse fato e assegura que Di Matteo "vem tumultuando o andamento do feito, com a juntada de petições, cujo conteúdo foge ao objeto dos presentes, e supostamente, dando indevida publicidade dos atos processuais”.

BOLSONARO TEME INQUÉRITO DAS FAKE NEWS

O presidente Jair Bolsonaro, deflagrou, na quinta feira, verdadeira guerra contra o Poder Judiciário, representado pelo STF, e tudo se deve aos inquéritos acerca das notícias falsas, que mostram erros cometidos pelo próprio presidente, por seus filhos e por seus apoiadores. A apreensão deve-se às apreensões de computadores, celulares, quebra de sigilo bancário e fiscal para apuração da disseminação de boatos contra o STF, a exemplo de ameaças de morte para os ministros, ou xingamentos inaceitáveis. 

Depois desse fato, Bolsonaro, bastante nervoso , teme pelas consequências das apurações, principalmente contra seus filhos; declarou o presidente: "Ontem foi o último dia. Eu peço a Deus que ilumine as poucas pessoas que ousam se julgar melhor e mais poderosos que os outros que se coloquem no seu devido lugar, que nós respeitamos”. Finalizou com a expressão, incompatível com o cargo e merecedora de censura: “Acabou porra”.

Para incendiar o ambiente e parece que combinado com o pai, o deputado Eduardo Bolsonaro afirma que “uma ruptura institucional não é uma opinião de se, mas de quando”; a fervura do caldeirão, foi antecedida pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, quando declarou que eventual apreensão do celular do presidente poderá implicar em “consequências imprevisíveis" para a “estabilidade nacional". 

Nas redes sociais chega ao ponto de invocar uma “intervenção militar pontual", sustentado em entrevista de um jurista que se baseia no art. 142 da Constituição para justificar intervenção das Forças Armadas.

É isolado o pronunciamento do jurista e não serve de base para permitir que as Forças Armadas assumam, como força autônoma, a condição de defensora da Constituição; essa função é do Poder Judiciário. O STF e o próprio Congresso Nacional têm sido contemplativos com o presidente, porquanto as sucessivas manifestações para seus apoiadores implicam em incitamento de golpe, classificado como crime de responsabilidade.

TRUMP É CENSURADO PELA VIOLÊNCIA

No seu Twitter, o presidente Donald Trump escreveu ontem, sexta feira: “Estes BANDIDOS estão desonrando a memória de George Floyd, e eu não deixarei que isso aconteça. Acabei de conversar com o governador Tim Waltz e disse que o Exército está com ele até o fim. Qualquer dificuldade e nós assumiremos o controle, mas quando começam os saques, começam os tiros”. Tudo isso deu-se depois do assassinato de George Floyd, um homem negro, quando um policial prensou seu pescoço contra o chão até a morte; houve protestos contra a violência policial, na cidade onde se deu a ocorrência, em Minneapolis.

A direção do Twitter incluiu na mensagem de Trump o seguinte: Este tuíte violou as regras do Twitter sobre a glorificação da violência. No entanto, o Twitter decidiu que pode ser do interesse do público que este tuíte continue acessível". A rede social protestou contra o emprego de armas contra os manifestantes, sugerida pelo presidente. O Twitter já enfrentou Trump no dia 26/05, quando incluiu um aviso de desinformação em posts de sua autoria.

BOLSONARO CONDECORA ARAS E TEME DENÚNCIA

Procurador-gera da República Augusto Aras
O presidente Jair Bolsonaro, em meio a tempestade que ele deflagrou, resolveu condecorar o ministro da Educação, Abraham Weintraub e o Procurador-geral da República, Augusto Aras. O primeiro responde a inquérito pela prática do crime de preconceito, além de ter de prestar declarações à Polícia Federal sobre as agressões desferidas contra ministros do STF; Aras é o responsável pelo oferecimento da denúncia. A Ordem do Mérito Naval é uma das maiores honrarias militares; a comenda é extensiva aos ministros Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo e Jorge Oliveira, da Secretaria de Governo. 

O presidente ainda elogiou o trabalho do Procurador-geral como “atuação excepcional" e declarou que Aras poderá ser um dos que ele apontará para ser ministro no STF. É intrigante essas homenagens, porque o baiano poderá denunciar o presidente no caso da interferência na Polícia Federal para proteger amigos e familiares. Por outro lado, Aras já pediu ao ministro Fachin, do STF, a suspensão do inquérito que trata das notícias falsas e que causou busca e apreensão, quebra de sigilo bancário de apoiadores do presidente.

PROCURADORES PEDEM INDEPENDÊNCIA

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro visita, sem agendamento, o Procurador-geral da República, Augusto Aras, promete-lhe uma vaga no STF e oferece-lhe a Ordem do Mérito Naval, uma das maiores honrarias militares, mais de 500 procuradores lançaram um manifesto um manifesto, pedindo independência do Ministério Público Federal. No documento, pedem que o chefe do Ministério deve originar-se de escolha dos membros da instituição, em lista tríplice. Sabe-se que o atual Procurador foi o primeiro indicado sem constar na lista tríplice, nesses últimos 16 anos.

A Associação Nacional dos Procuradores da República defende também a "constitucionalização da lista tríplice para a escolha do PGR". No documento afirma que “o procedimento colaborou sobremaneira para a democracia interna do Ministério Público Federal e para o avanço da transparência e da independência da instituição”.

Aras tem sido criticado pelos seus pares em vários momentos: quando pediu a abertura das investigações sobre a interferência no presidente na Polícia Federal, incluindo no requerimento o ex-ministro Sérgio Moro; mudou de opinião, quando pediu a suspensão do inquérito das fake News, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes; outro posicionamento de Aras, contestado por seus pares, deu-se no pedido de apuração de ato contra o STF, em abril, no qual o presidente participou, mas a investigação requerida não incluiu o nome de Bolsonaro.