O STF, por unanimidade, terminou ontem, 12/03, o julgamento que considera inconstitucional a invocação da legítima defesa da honra para anular decisões do júri de absolvição em casos de feminicídio. A ação foi apresentada em janeiro, pelo PDT, e os ministros classificaram tais absolvições de "nefasta, horrenda e anacrônica". O relator, ministro Dias Toffoli, escreveu no voto: "Para além de um argumento atécnico e extrajurídico, a legítima defesa da honra é estratagema cruel, subversivo da dignidade da pessoa humana e dos direitos à igualdade e à vida e totalmente discriminatória contra a mulher, por contribuir com a perpetuação da violência doméstica e do feminicídio no país".
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sábado, 13 de março de 2021
COLUNA DA SEMANA
BOLSONARO TENTA ACABAR COM A LAVA JATO
Além da nomeação do chefe da Procuradoria, Roque Aras, Jair Bolsonaro teve participação direta em fatos que enfraqueceram a Operação. A nomeação de Sergio Moro para ministro da Justiça, tido pelo próprio presidente como superministro, seguiu-se de posterior descrédito e fritura dele no cargo; em meados de 2019, Bolsonaro deu um duro golpe no trabalho de Moro, quando tirou de sua alçada o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, COAF, passando para o Banco Central. Logo depois, já em 2020, o presidente não empreendeu qualquer esforço para apoiar o "pacote anticrime", projeto de seu ministro da Justiça, que foi completamente desfigurado no Congresso Nacional. Mais recentemente, no final do ano passado, Bolsonaro escolheu para ministro do STF Kassio Marques, atendendo às promoções do ministro Gilmar Mendes e do senador Ciro Nogueira, este envolvido em processos criminais. O posicionamento deste ministro no sentido de privilegiar os direitos e garantias dos investigados prejudica enormemente as apurações e julgamentos dos corruptos.
O desentendimento com Moro passou pelas mudanças que Bolsonaro fez ou pretendia fazer na Receita Federal, na Polícia Federal, na Abin e no Coaf. No início de 2020 determinou a exoneração do homem de confiança de Moro na diretoria da Polícia Federal, Maurício Valeixo. O delegado Ricardo Saadi, na Superintendência da Polícia Federal do Rio, depois de muita pressão de Bolsonaro, deixou a pasta e aceitou um cargo de oficial de ligação na Europol (Polícia Europeia), em Haia, criado para acomodar-lhe. Prosseguiu desmantelando os órgãos que ajudavam o ministro a punir os criminosos, na tentativa de nomear para a Agência Brasileira de Inteligência, ABIN, Alexandre Ramagen, pessoa de confiança da família Bolsonaro, que, inclusive coordenou a segurança do então presidenciável. Na Receita o presidente retirou José Paulo Ramos Fachada, de importante cargo na hierarquia do Fisco.
E assim prosseguiu até o golpe certeiro dos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin, do STF, capaz de anular todos os processos da Lava Jato, que se processaram em Curitiba.
Salvador, 12 de março de 2021.
DESEMBARGADOR MORRE DE COVID-19
O desembargador Amadiz Barreto, que chegou ao Tribunal de Justiça da Bahia, em 1996, na vaga do quinto constitucional dos advogados, dirigiu o Tribunal Regional Eleitoral, no período de 1996/1998, faleceu ontem, vítima da praga do coronavírus. Dois filhos do falecido, Eduardo Barreto e Luciana Barreto, são juízes no estado. Amadiz disputou com o desembargador Carlos Alberto Dultra Cintra a presidência do Tribunal de Justiça, em 2002; contou com apoio de Antonio Carlos Magalhães, que tinha significativa influência no Tribunal até então, mas foi grande a surpresa com a derrota de Amadiz. A partir daí o Tribunal de Justiça conquistou sua independência política, pois até então tudo se fazia depois de aprovação do ex-governador.
HIDROXICLOROQUINA MATA
Tratamentos contra a covid-19 ineficazes têm merecido a busca do Judiciário nos Estados Unidos; já são 48 processos reclamando indenização. O caso da enfermeira Susan Cicala, 60 anos, que faleceu após tratamento com azitromicina e hidroxicloroquina, constitui um dos processos reclamado pelo esposo Steve Cicala, 58 anos, que pede compensação financeira ao Programa de Compensação de Lesões de Contramedidas, órgão dependente do Departamento de Saúde e Serviços Humanos nos Estados Unidos. O advogado comprova que os dois medicamentos "interromperam o ritmo cardíaco de Susan Cicala" e já se sabe que "a combinação desses dois remédios é moral". Este órgão já foi acionado algumas vezes no caso de vacinas contra a gripe H1N1. O esposo da falecida poderá receber até US$ 367 mil. A notícia é da Reuters.
No Brasil, as ações poderão ter como réus os médicos e o presidente Jair Bolsonaro que não se cansa de receitar o medicamento para cura da covid-19
MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 13/03/2021
CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF
COVID-19 MATA MAIS DE 12,3 PESSOAS EM APENAS SETE DIAS
sexta-feira, 12 de março de 2021
CORONAVÍRUS NO BRASIL EM 12/03/2021
JUSTIÇA DECRETA PRISÃO DE EX-PRESIDENTE
O Ministério Público da Bolívia ordenou a prisão hoje da ex-presidente interina Jeanine Añez, do ex-comandante das Forças Armadas, o ex-chefe da polícia, além de cinco ex-ministros. O partido de Evo Morales e do atual presidente, Luis Arce, eleito em outubro/2020, acusam Añez de ter causado a morte de 30 pessoas na repressão a protestos, seguido da renúncia de Morales, em novembro/2019. Todos eles vão responder pela prática do crime de terrorismo, sedição e conspiração. Añez era senadora e assumiu o poder com a renúncia de Evo Morales.
FAMÍLIA FLOYD: US$ 27 MILHÕES
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Floyd que morreu asfixiado |
PROCURADORIA RECORRE DE ANULAÇÃO DE CONDENAÇÕES DE LULA
A Procuradoria-geral da República ingressou com Agravo Regimental no Habeas Corpus no qual o ministro do STF, Edson Fachin, anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob fundamento de incompetência do juízo de Curitiba, porque as propinas não tiveram relação alguma com a Petrobras. Escreveu a sub-procuradora Lindôra Araújo: "O ex-Presidente teve responsabilidade criminal direta pela esquema criminoso que vitimou a Petrobras". Alegou que as reformas no sítio de Atibaia custaram R$ 1 milhão, pagos pela Odebrecht, OAS e José Carlos Bumlai e prossegue: "Tais pagamentos estavam vinculados a acertos de corrupção do então Presidente com o Grupo Odebrecht, o Grupo OAS e José Carlos Costas Marques Bumlai e abrangiam contratos da Petrobras". Mais adiante, no recurso: "Os fatos ilícitos versados nas referidas ações penais estão, a toda evidência, associados diretamente ao esquema criminoso de corrupção e de lavagem de dinheiro investigado no contexto da "Operação Lava Jato" e que lesou diretamente os cofres da Petrobras".
Assegura a sub-procuradora e enumera processos semelhantes nos quais foram negadas pelo STF a incompetência do juízo de Curitiba. E mais: informa que exceções de incompetência, apresentadas pela defesa do ex-presidente, foram afastadas através de decisões dos tribunais superiores.
ADVOGADO: LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
Um advogado ajuizou 246 reclamações, no 23º Juizado do Rio de Janeiro, todas idênticas contra a fornecedora de energia elétrica de Nilópolis/RJ, sob fundamento de interrupções no fornecimento de energia. A defesa alega que o mesmo advogado, com narrativa semelhante e sem verossimilhança, não comprova as afirmações da inicial, além de informar que muitos autores nem existem. Na decisão escreveu o julgador: "O Juízo possui o dever em zelar pela Justiça e repudiar veementemente condutas que buscam o erro e o descrédito do processo como veículo de pacificação dos conflitos. O Judiciário não pode tolerar condutas desta natureza, pois acaba banalizando toda a dedicação realizada por todos que atuam no processo, desde a atuação até o grau recursal, gerando custo desnecessário". O consumidor e o advogado foram condenados por litigância de má-fé e encaminhadas as peças ao Ministério Público para apuração de crimes.