O Sul-Africano, Elon Musk, está desafiando as instituições democráticas do Brasil com sua determinação ilegal de continuar funcionando sua empresa sem nenhum representante no país. Ele busca envolver o Brasil como um país sem lei, que viola a liberdade de informação, mas, na verdade, o empresário prossegue na sua caminhada de defesa dos regimes de extrema-direita, a exemplo do apoio incondicional ao candidato republicano, Donald Trump, na eleição de novembro nos Estados Unidos. Musk não retirou os perfis golpistas e até defendeu a continuidade de arruaceiros na rede; assegurou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes era ilegal, mas não obteve êxito na tentativa de desmoralizar o magistrado e as leis brasileiras.
ADVOGADOS SÃO PRESOS
Um grupo de advogados da Bahia está sendo acusado de fraude contra instituições bancárias, através de saques de precatórios judiciais. O juiz Cidval Santos Sousa Filho decretou prisão preventiva de quatro advogados: Lais Andrada Barros, Paulo Kleber Carneiro de Carvalho, Liz Fádua Fernandes da Silva e Hermias Pereira da Silva Júnior. A investigações foi iniciada pelo Ministério Público Federal e posteriormente transferiu para o Ministério Público do Estado, que conta com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminas, GAECO. A conduta dos advogados foi tipificada como corrupção ativa, organização criminosa e estelionato.
MAIS DE 66 MIL RUSSOS MORTOS
Mediazona, jornal russo independente, juntamente com o serviço russo da BBC, informam a identificação de mais de 66 mil soldados russos mortos na guerra da Rússia contra a Ucrânia, desde o início em fevereiro/2022. A contagem foi publicada e atualizada em 30 de agosto/2024, e sustenta-se em informações procedentes de fontes, a exemplo de declarações oficiais, publicações na comunicação social e redes sociais, e também nas sepulturas, em cemitérios. Em comunicado ao Telegram declarou Mediazona: "Em 30 de agosto, sabíamos dos nomes de 66.471 soldados russos mortos na guerra".
Anteriormente, no mês de abril, segundo o jornal, foram identificados mais de 50 mil soldados russos mortos na Ucrânia, desde fevereiro/2022 e seguiu a advertência de que a contagem não tenciona ser "exaustiva". Por outro lado, no final de fevereiro deste ano, o presidente Volodimir Zelensky calculou o número de 31 mil soldados ucranianos mortos na guerra. O Exército russo não fornece informação alguma sobre as mortes de seus soldados e invoca "a lei sobre segredos de Estado" e o "regime especial" para não fornecer dados sobre seus soldados mortos na Ucrânia. Em agosto/2023, o jornal The New York Times, baseado em autoridades americanas, noticiou as perdas militares russas e apontou o número de 120 mil mortos.
STF NÃO RECONHECE A GREVE
O STF no julgamento de dois Mandados de Injunção determinou integração da legislação sobre o direito de greve dos trabalhadores a iniciativa privada, Lei 7.783/1989 aos servidores públicos civis até que o Congresso manifeste sobre o tema. Nessa oportunidade, o STF estabeleceu três requisitos para reconhecimento da greve legal: notificação das autoridades administrativa com antecedência mínima de 72 horas em relação ao início das paralisações; comprovação da frustração das negociações; e manutenção de percentual mínimo de servidores em atividade para garantir a continuidade dos serviços públicos durante as mobilizações.
LIRA DÁ RAZÃO A MUSK
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em entrevista a Expert XP, em São Paulo, no dia de ontem, censurou o bloqueio das contas da Starlink. Lira invocou a insegurança jurídica, para questionar a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Essa manifestação de Lira mereceu aplausos do Sul-africano, que parabenizou o deputado brasileiro.
O dinheiro pode não comprar tudo, mas compra muita coisa. Nos Estados Unidos, Donald Trump comprou o Partido Republicado, que deixou sua tradição de representação tradicional, para tornar-se veículo manobrado pelo ex-presidente. Uma sigla partidária não se presta para atender aos desígnios individuais de seus componentes, mas visa atenção a interesses coletivos para o bem do país, como um todo. Os Estados Unidos, através do Partido Republicano, transformaram numa Argentina de Peron, onde o Partido pouco representa, a exemplo do Brasil, onde Jair Bolsonaro disputou a presidência por um partido, PSL, em 2018, mas em 2022 por outro, PL. Isso importa em admitir que os Estado Unidos copia os desacertos da política do Brasil e de outros países da América Latina, onde o programa representa o culto à personalidade, a exemplo do que está ocorrendo com Donald Trump. O Partido Republicano é liderado por Michael Whatley, nome pouco conhecido, mas que participou ativamente do movimento, encabeçado por Trump de não reconhecer a vitória de Joe Biden, em 2020.
A convenção republicana mostra a fragilidade da sigla, substituída pela fortaleza da figura de Trump e seu patrimônio. Os grandes líderes do Partido Republicano, através de ex-presidentes do país, ou de ex-candidatos, nem compareceram à convenção que não teve contestação entre seus membros. O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, no governo Trump, Mike Pence, declarou que não apoia Donald Trump. Os ex-presidentes George Bush e George W. Busch recusaram em apoiar Trump. Outros republicanos como John McCain, que pleiteou a candidatura pelo Partido Republicano, também negou apoio a Trump. A convenção do Partido foi tomada por figuras que seguem a liderança de Donald Trump. O candidato a vice-presidente J.D. Vance foi escolhido por Trump, sem interferência alguma da instituição, mas depois que ele transformou de crítico para admirador do padrinho, sua conversão significou a eleição para o Senado por Ohio. Trump já prepara o terreno para repetir o tumulto criado com a eleição de Biden, que ele nunca reconheceu. Ele permanece apático, com as demonstrações de comícios de sua opositora, Kamala Harris, porque não há hipótese para aceitar o resultado da urna que não seja homologação de seu nome.
A suspensão da rede social "X" no Brasil foi matéria para jornais de vários países. Trata-se da indisciplina do Sul-Africano Elon Musk em respeitar as leis brasileiras. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, não foi atendido para Musk indicar um representante legal da empresa no Brasil. Esse fato, juntamente com multas, por descumprimento de decisões judicias, provocaram a a suspensão da rede no país. Desde o dia 17 de agosto, Musk fechou o escritório da "X" no Brasil. O jornal The New York Times diz que a situação é "o maior teste até agora para os esforços do bilionário em transformar o local em uma praça digital onde quase tudo é possível". A agência de notícias Associated Press assegura que "a medida intensifica ainda mais a batalha de meses entre os dois homens (Musk e Moraes) sobre liberdade de expressão, contas de extrema-direita e desinformação".
O jornal mexicano El Universal, em manchete, afirma que "Juiz ordena suspensão do X no Brasil. Clarin, um dos principais jornais da Argentina, informa que a Justiça do Brasil "intensificou o conflito com Elon Musk" frente à decisão de Moraes. O jornal recordou afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Todo cidadão de qualquer parte do mundo que tenha investimentos no Brasil está sujeito à Constituição e às lei brasileiras. Quem ele pensa que é (Musk)?" La Nación, também da Argentina, em matéria intitulou Moraes como "um poderoso juiz". O jornal Washington Post, dos Estados Unidos, destacou que a ocorrência deu-se depois que Musk recusou-se em nomear um representante legal no Brasil. Da Espanha o jornal El País afirma que Moraes "manteve uma dura punição publica ao magnata sobre os limites da liberdade de expressão e como combater a desinformação".
O ministro Alexandre de Moraes, em decisão publicada na sexta-feira, 30, assegurou que o Sul-africano Musk descumpriu determinação judicial que derrubava perfis de bolsonaristas na rede social; informou que o próprio Musk "declarou que manteria o desrespeito às decisões judiciais brasileiras". Moraes menciona decisões descumpridas, a exemplo da publicada em 7 de agosto que determinou bloqueio dos canais do senador Marcos do Val, da esposa do ex-deputado Daniel Silveira, Paola da Silva Daniel e da conta da filha do blogueiro Oswaldo Eustáquio e de sua esposa, Sandra Eustáquio. Diz também que o "X" não cumpriu a decisão de derrubar os perfis do engenheiro Cláudio Luz, do pastor Josias Pereira Lima e dos bolsonaristas Sérgio Fischer e Ed Raposo.
Moraes informa que o Google, que mantém o YouTube, e Meta, que mantém Instagram e Facebook cumpriram decisões "em fiel observância ao ordenamento jurídico brasileiro". Moraes afirma que o bloqueio dos perfis aconteceram depois que a Polícia Federal localizou provas de "inúmeras pessoas", intimidando agentes públicos, responsáveis pela apuração de "milícias digitais e a tentativa de golpe de Estado". Isso ocorreu em perfis da filha de Eustáquio na conta que o pai "vem atuando ilicitamente". A multa aplicada ao "X" alcançou R$ 18.5 milhões e Musk descumpre as ordens além de "criminosamente, divulgar mensagem incitando o ódio contra esta Suprema Corte".
Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e autor de "PT, uma História".
SALVAR ARTIGOS
Moraes tem bons argumentos, mas golpistas de Musk ganharão pontos
Torço para que dono do Twitter se canse do brinquedo e venda-o para um adulto
No próximo 7 de setembro, Jair Bolsonaro e seus golpistas protestarão na avenida Paulista. Se o fizerem pacificamente, terão o direito de fazê-lo.
A polícia de São Paulo estará lá para garantir que as coisas não saiam de controle. Se alguém levantar uma bandeira nazista, será preso. Se os manifestantes se virarem para fora da manifestação e passarem a ofender transeuntes com agressões racistas, serão presos. Se ninguém fizer nada disso, todo mundo voltará para casa normalmente.
Agora imagine como seria se um bilionário de extrema direita comprasse a avenida Paulista e decretasse que ela não é mais parte do Brasil. Para satisfazer as preferências ideológicas do bilionário, de agora em diante, seria permitido levantar bandeiras nazistas, discursar por golpe de Estado, chamar os negros paulistanos de macacos ou dizer aos judeus de São Paulo que eles deveriam ter sido mandados para as câmaras de gás. A polícia de São Paulo, os juízes brasileiros, não teriam mais poder de estabelecer qualquer limite, para qualquer manifestante, na nova avenida Paulista.
Foi isso que Elon Musk fez com o Twitter desde que comprou a empresa em 2022.
O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) - David Swanson - 6.mai.24/Reuters
Musk fez questão de restaurar as contas (suspensas pelo dono anterior) de líderes neonazistas como Andrew Anglin, criador do site The Daily Stormer. Anglin, um defensor entusiasmado do direito de se estuprar mulheres, que acabou sendo suspenso de novo. Mas o jornalista Shayan Sardarizadeh, da BBC, postou no dia 16 de agosto exemplos de perfis nazistas que seguem ativos e com direito a monetização.
O extremista Tommy Robinson, outra conta recuperada por Musk, hoje é fugitivo da Justiça britânica por postar notícias falsas durante as manifestações racistas do começo de agosto no Reino Unido.
É sempre difícil marcar onde fica a fronteira entre as convicções de Musk e sua ganância. Uma matéria do Times de Londres de 9 de agosto mostrou que o engajamento criado por dez célebres perfis de extrema direita rendeu cerca de US$ 19 milhões para o Twitter em anúncios.
Era natural que essas propensões políticas levassem Musk a se aproximar do bolsonarismo. O bilionário é parte importante da charm offensive que os golpistas brasileiros fazem junto à direita americana. Avaliam, com razão, que a falta de apoio americano contribuiu muito para o fracasso do golpe de 2022/2023.
SE conseguirem mentir sobreAlexandre de Moraessó o suficiente para que os americanos, no curtíssimo intervalo de tempo em que pensarão sobre o Brasil, achem nebuloso identificar os democratas brasileiros, podem ter mais sorte na próxima vez.
Alexandre de Moraes tem bons argumentos jurídicos para suspender o Twitter até que a empresa cumpra a legislação brasileira. Mesmo assim, eu não o faria: os golpistas e Musk provavelmente ganharão pontos de simpatia junto aos cidadãos comuns que usavam o site de maneira razoável.
Fui um usuário ativo do Twitter (@NPTO) por muitos anos. Lá conheci bons amigos, tive bons debates. A coisa vinha piorando com a degradação geral do discurso político, mas será uma pena se o Twitter acabar porque um fascista teve dinheiro para comprá-lo. Torço para que o moleque se canse do brinquedo e venda-o para um adulto.