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domingo, 27 de abril de 2025

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Quem vai cuidar de mim? Preocupação com futuro atinge mulheres com e sem filhos

Especialista aponta que Estado deve providenciar serviços para mitigar desigualdades de gênero e classe

SÃO PAULO

"Acho que o primeiro e mais importante a se dizer sobre o futuro é que eu não tenho pretensão de ter filhos. E geralmente existe uma ideia de que no futuro os filhos cuidam dos pais, né?", diz a atriz Ana Hikari, 30.

Ana não é uma exceção: cada vez menos pessoas estão decidindo ter filhos, principalmente mulheres. É o que mostram as tendências globais de fecundidade, que, segundo o OWD (Our World in Data), ligado à Universidade de Oxford, caíram pela metade nos últimos 60 anos.

Tampouco o Brasil foge a essa regra. Em 1950, a taxa de fecundidade no país, calculada com a média de bebês nascidos vivos por mulher, era de 6,12, de acordo com o OWD. Em 2023, a mesma média caiu para 1,62.

Essa queda, combinada ao envelhecimento da população, passarou a preocupar governos e autoridades das mais variadas matizes políticas ao redor do mundo. Há a preocupação com os sistemas previdenciários, com a reposição da força de trabalho e até com uma suposta "transição racial" da população em alguns discursos de cunho eugenista que instam mulheres brancas a terem mais filhos.

A imagem mostra uma mulher amarela sentada em um ambiente interno, próximo a uma janela. Ela está usando uma blusa de gola alta e tem cabelo longo e liso, com franja. Ao fundo, há plantas verdes e uma vista para o exterior, com edifícios visíveis. A iluminação é natural, proveniente da janela.
A atriz Ana Hikari, 30, não pretende ter filhos e planeja uma velhice ao lado dos amigos -  Rafaela Araújo/Folhapress

No meio de debates sérios sobre a existência de uma "crise do cuidado"e propostas esdrúxulas, como a criação de uma medalha de honra para mulheres com mais de seis filhos —uma das ações avaliadas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos—, está um contingente cada vez maior de pessoas, como Ana, lidando com a questão: quem vai cuidar de mim no futuro?

"Eu, até uns anos atrás, tinha uma ideia de que ia morrer cedo e estava ótima com esse pensamento, porque, para mim, é apavorante pensar na minha perda de autonomia" afirma Ana. Ela diz que hoje cuida da mãe, que tem 70 anos e passa por problemas de saúde, mas não pensa em ter filhos pensando nesse tipo de ajuda no futuro. "Se um dia eu decidir ter, não quero que seja isso que esteja na minha cabeça."

A atriz planeja uma velhice com amigos e tenta se programar com controle financeiro e cuidados com o corpo. "Eu tenho tudo resolvido, até seguro funerário pago. Se morrer amanhã, está tudo pronto", brinca.

O planejamento financeiro para a velhice não é uma preocupação apenas daqueles que não têm filhos. A diretora de marketing Denise Crispim, 46, e a filha, Sofia, 19, estudante universitária, têm cada vez mais conversas sobre o futuro.

No caso delas, a questão é viabilizar o cuidado a longo prazo para as duas, porque Sofia tem paralisia cerebral grave e precisa de cuidados para realizar tarefas do dia a dia. "Eu me preparo trabalhando muito, porque cuidado é muito caro e eu penso que preciso ter uma reserva financeira para a velhice tanto para mim quanto para a Sofia", diz Denise.

Ela diz que para as duas a questão do cuidado ficou mais presente nos últimos anos. "Eu comecei a pensar mais sobre isso depois dos 45, quando o corpo já começou a não responder da mesma maneira que antes, comecei a me sentir mais cansada", afirma. "E a Sofia, às vezes, fala sobre como ela queria depender menos de mim."

Denise é confiante de que Sofia se virará bem no futuro porque juntas sempre trabalharam a autonomia da estudante. "Eu nunca, por exemplo, escolhi a roupa dela. Eu ajudava a vestir, mas as escolhas são dela", diz. "Eu também espero que até eu ficar idosa ela já tenha uma estabilidade financeira própria, da carreira dela."

A mãe sabe, porém, que essa pode não ser possível para a maior parte das pessoas com deficiência grave — dados do IBGE mostram que uma em cada quatro pessoas com deficiência acima dos 25 anos não completou o ensino médio, e quase 20% é analfabeta.

"E o cuidado acaba caindo muito para as mulheres da família, e criando essa angústia como é que será o futuro, quando elas não só não conseguirem prover o cuidado, mas precisarem dele também", diz Denise.

A realidade é que a maior parte dos brasileiros não tem como arcar com o preço de serviços de cuidado no mercado privado.

Folha pesquisou orçamentos de casas de repouso para idosos em São Paulo. No bairro do Tremembé, na zona norte, é possível achar acomodação a partir de R$ 3.500 ao mês —quase duas vezes o valor de um salário mínimo. Já em zonas mais centrais e ricas da cidade, como os Jardins, o preço de um quarto individual pode chegar a R$ 16 mil mensais. Serviços de cuidador em casa, em empresas especializadas, também ultrapassam R$ 10 mil mensais.

"Eu não tenho dinheiro para ter uma cuidadora, e já tenho dificuldades motoras. Não sei como vai ser no futuro", diz a engenheira civil Odete Santos, 66. "Eu já tenho que olhar se onde eu vou tem escada, por exemplo, e não consigo mais tomar banho em pé", conta ela.

Odete tem um filho de 19 anos, mas diz que "é uma carga muito grande" pensar em responsabilizá-lo por seu cuidado. "Ele vai abrir mão da vida dele para cuidar de mim?"

Para a consultora de políticas públicas Lívia Merlim, que é especialista em gênero e cuidado pela London School of Economics, o Estado precisa providenciar serviços de cuidado para mitigar essas desigualdades de renda e gênero, tirando a questão do âmbito familiar —ou seja, de quem é capaz de receber cuidados de parentes, ou ter planejamento financeiro para comprar cuidado no mercado.

"Todo mundo vai precisar de cuidados em algum momento da vida, mas não necessariamente todos vão ser cuidados da maneira que deveriam ou da maneira que necessitariam de cuidados", afirma.

Ela defende que a Política Nacional de Cuidados, sancionada em dezembro, é um primeiro passo para que haja um melhor fornecimento desses serviços de forma isonômica. As ações concretas para a implementação da política ainda não foram divulgadas pelo governo federal.

A consultora também aponta para outra questão: ao mesmo tempo que serviços de cuidado pagos são caros demais para a maior parte da população, a força de trabalho que atua neles, majoritariamente feminina e negra, tem poucos direitos e remuneração baixa.

"É um enorme volume de trabalho que é feito todos os dias, principalmente por mulheres, especificamente mulheres negras, um trabalho que não é reconhecido e que não é valorizado", diz.

 

TRUMP E ZELENSKY

O presidente Donald Trump teve encontro reservado ontem, 26, na Brasília de São Pedro, no Vaticano, com duração de 15 minutos, com o presidente Volodymyr Zelensky, tratando de meios para encerrar a guerra com a Rússia; Trump manifesta dúvida sobre intenção de Putin, no encerramento do conflito, que já dura mais de três anos. O cardeal decano Giovanni Battista Re, na cerimônia fúnebre, com presença dos chefes de Estado e altos funcionários de todo o mundo, na homilia, tratou exatamente da defesa da paz. Declarou que o papa Francisco "elevou sua voz, implorando pela paz e convidando à razão e à negociação para encontrar possíveis soluções", para conflitos armados. Disse o cardeal: "A guerra sempre deixa o mundo pior do que estava antes: é uma derrota dolorosa e trágica para todos". Os presidentes americano e ucraniano trataram pela segunda vez sobre a guerra, sendo o primeiro em Washington, em fevereiro, quando houve desentendimento entre os dois. Depois da reunião, Zelensky escreveu no "X" que espera resultados "em tudo o que foi abordado", tratando do "cessar-fogo total e incondicional".    

A Casa Branca entendeu que o diálogo foi "muito produtivo; Trump publicou no Truth Social: "Não havia razão para disparar mísseis em áreas civis, cidades e vilas nos últimos dias. Isso me faz pensar que, talvez, ele não queira parar a guerra"; adiante, disse que Putin "tem de ser tratado de forma diferente", ventilando a possibilidade de atacar o sistema bancário e aplicar sanções contra a Rússia. A professora Cristina Pecequilo declarou que tudo que envolve Trump e Zelensky tem algo de "teatralizado". Prosseguiu: "Certamente, foi um encontro importante para aparar as arestas da visita de Zelensky a Washington, mas as dinâmicas concretas de negociação estão acontecendo à margem desse encontro dos presidentes. Tanto que os EUA continuam pressionando a Ucrânia para assinar o tratado de minerais críticos e estratégicos, assim como ceder território". Zelensky reuniu também com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; Trump conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron e com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Vladimir Putin, no sábado, afirmou ao enviado especial americano, Stefe Witkoff, que está disposto a negociar solução "sem pré-condições". Enquanto tudo isso acontece, a Rússia têm intensificado ataques contra civis, na Ucrânia.  

 

GRILAGEM CONTINUA NO OESTE

Sérgio Rodrigues Vieira Filho e o espólio de José Mendes Pinto ingressaram petição que foi transformada em Reclamação Disciplinar, onde se noticia a existência de matrículas imobiliárias fraudulentas e clandestinas, criadas para apropriação de terras na região oeste da Bahia. A petição de Vieira Filho ao CNJ envolve cartórios de registro de imóveis, além de decisões judiciais. O objeto da reclamação prende-se à matrícula n. 375 do 1º Cartório de Registro de Imóveis de Barreiras, posteriormente transferido para o 2º Ofício sob n. 3703. A denúncia assegura que essas matrículas não tem origem pública comprovada e descumpriram os requisitos legais fixados pela Lei de Registro Públicos, a exemplo da individualização da área, confrontações claras, localização geográfica precisa e titularidade válida. Os autores da reclamação aduzem que, "mesmo diante da alegada ilegalidade, os cartórios de Barreiras mantêm esses registros em seus sistemas, utilizando-os para emitir certidões e realizar averbações"; afirmam que isso contribui para o enriquecimento ilícito de particulares e a perpetuação da grilarem; dizem que os titulares dos cartórios pecaram por omissão, vez que não anularam ou corrigiram as inconsistências de ofício, suspeitando de conluio.   

A denúncia acusa o juízo da 1ª Vara Cível da Comarca de Taguatinga, no Tocantins, vez que decisões daquele juízo validaram os registros considerados fraudulentos da Bahia. Consideraram parcialidade do juízo de Tocantins, porque admitiu validade em documentos questionáveis. Com as ponderações da petição, requerem que o CNJ cancele ou bloqueie as matrículas, consideradas irregulares, apure a disciplina da condutas dos oficiais de cartório, assim como do magistrado envolvido no caso, além de correição nos cartórios de Barreiras. Pedem apoio do Ministério Público da Bahia. O corregedor Nacional, ministro Mauro Campbell Marques, determinou algumas providências, entre as quais arquivamento do procedimento disciplinar contra o juiz da 1ª Vara Cível de Taguatinga, vez que o magistrado apenas cumpriu sentença transitada em julgado; procedimento disciplinar contra o magistrado Gerson Fernandes Azevedo foi arquivado por ausência de indícios de infração funcional, com decisão pendente no Tribunal de Justiça de Tocantins. A correição foi determinada no que se referem aos cartórios de Barreiras e não será possível procedimento disciplinar contra a responsável pela abertura da matrícula, Valdete Faria de Almeida, porque já falecida. Não foi encontrado indício em relação à atual delegaria do 2º Ofício. O ministro mandou fosse oficiado às Corregedorias-gerais de Justiça de Tocantins e da Bahia para informarem sobre o caso.     



TRUMP DEPORTA CRIANÇA DE 2 ANOS

O juiz federal Terry Doughty, de Lousiana, marcou audiência para o dia 16 de maio a fim de averiguar sua "forte suspeita de que o governo acabou de deportar uma cidadã americana sem nenhum processo significativo". O magistrado declarou preocupado na sexta-feira, 25, porque o governo de Donald Trump deportou uma cidadã americana de 2 anos, sem ser a vontade do pai, e "sem nenhum processo significativo"; assegurou que essa conduta "é ilegal e inconstitucional deportar" um cidadão americano. A criança, conhecida por V.M.L. foi enviada para Honduras, com sua mãe, Jenny Carolina Lopes Villela, apesar da contrariedade do pai, que manifestou em petição sua desautorização para essa providência. O pretexto do governo foi de que "tudo isso é aceitável porque a mãe deseja que a criança seja deportada com ela", escreveu o magistrado, que concluiu: "Mas o tribunal não sabe disso".  

Esse caso tornou-se a maior ilegalidade praticada com as deportações de pessoas dos Estados Unidos para Honduras. Sete juízes federais, em vários tribunais do país, manifestaram, em decisões, contra as deportações promovidas pelo governo Trump, que usou o artifício de que estava deportando migrantes, membros de gangues para El Salvador. O outro abuso cometido nas deportações foi de Kilmar Armando Abrego Garcia de Maryland, também para El Salvador. O governo Trump tem recusado a cumprir a decisão judicial que mandou repatriar Kilmar de El Salvador para os Estados Unidos. O pai da criança deportada noticiou que "sua filha era uma cidadã americana e não podia ser deportada". 

 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 27/4/20295

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Reencontro de Trump e Zelensky: os 15 minutos que podem mudar os rumos da guerra

Na primeira conversa desde o embate na Casa Branca, em fevereiro, presidente ucraniano destaca o simbolismo da reunião no Vaticano pelo cessar-fogo, enquanto Trump duvida da disposição de Putin para encerrar o conflito

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Overbooking latifundiário

Propriedade de terra autodeclarada no Brasil excede área do país em um Pará

Fraudes para ocultar desmatamento e fugir da fiscalização fazem locais serem registrados várias vezes

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

Lupi foi alertado de denúncias sobre descontos em 2023, mostra ata de reunião

INSS levou quase um ano para tomar medidas contra irregularidades 

em cobranças feitas a aposentados

A TARDE - SALVADOR/BA

Trump duvida da vontade de Putin de acabar 

com guerra na Ucrânia

"Não havia nenhuma razão para que Putin estivesse disparando mísseis 

nos últimos dias", escreveu Trump na Truth Social

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Justiça decreta prisão preventiva de indiciado 
por matar filho de 5 anos em São Gabriel

Garoto teria sido jogado de ponte como vingança contra a mãe

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT 

O maior conclave e a dúvida de sempre: 

haverá continuidade ou uma surpresa? 

Terminado o funeral de Francisco, as atenções vão virar-se para 
a eleição do sucessor. Dos 135 cardeais eleitores, dois vão estar 
ausentes por razões de saúde. Vencedor precisa 
de uma maioria de 2/3.

sábado, 26 de abril de 2025

RADAR JUDICIAL

JUSTIÇA ARQUIVA AÇÃO CONTRA DIOCESE

O juiz Carlos Carvalho Ramos de Cerqueira, da 6ª Vara Cível e Comercial de Salvador, determinou arquivamento da ação iniciada por membros da Devoção do Senhor do Bonfim contra a Arquidiocese de São Salvador, porque "não há mais interesse jurídico a ser tutelado". A medida judicial visava anular intervenção na Irmandade, em ato de 2023; o pedido perdeu o objeto, porque solucionado através de acordo homologado. As custas judiciais foram incumbência dos autores da ação, além dos honorários, fixados em R$ 30 mil. Com isso, a Arquidiocese consegue sua autoridade sobre a Irmandade, inclusive no que se refere às questões administrativas da Basílica do Senhor do Bonfim.  

SINDICÂNCIA CONTRA JUIZ

A Corregedoria-geral do Tribunal de Justiça da Bahia abriu sindicância, visando apurar atuação de um juiz na comarca de Barreiras; não foi publicado o nome do magistrado. Trata-se de recebimento de propina em troca de benefício em decisão judicial. O caso foi denunciado por uma das partes que litigam na sucessão de bens e que assegura ter feito pagamentos direcionados ao magistrado. A apuração do caso torna-se desdobramento da Operação Faroeste, que causou prisão, afastamento e aposentadoria compulsória de vários magistrados, servidores e advogados. Essa sindicância deverá ser concluída no prazo de 60 dias, após o que, em relatório, surgirá a conclusão dos trabalhos que deverá determinar abertura de processo administrativo disciplinar contra o magistrado. 

ELEITORES SEM VOTAR

O Tribunal Superior Eleitoral poderá cancelar o direito de votar de eleitores da Bahia. Para evitar o cancelamento da inscrição, os eleitores terão de comparecer à Justiça Eleitoral até o dia 19 de maio/2025 para justificar a ausência às urnas e quitarem as multas referentes às três últimas eleições consecutivas. O cancelamento ocasionará outras punições como impossibilidade de inscrever-se em concurso público, tomar posse em cargo ou função pública, obter empréstimos em instituições financeiras públicas, ficarão também impedidos de participarem do governo e de obterem carteira de identidade e passaporte. Em Salvador, foi constatada 62.128 inscrições irregulares, em Feira de Santana 9.601, em Vitória da Conquista, 7.503, em Camaçari 5.924. 

As informações sobre pendências eleitorais são obtidas através do TRE/BA, www.tre-ba.jus.br, aplicativo e-Título, em Android e IOS ou pelo telefone 71-3373-7000. As multas por ausência às urnas ou aos trabalhos eleitorais devem ser quitadas pelo Autoatendimento Eleitoral, para depois proceder com a regularização. 

CNJ REVOGA LEIS MUNICIPAIS SOBRE LINGUAGEM NEUTRA

O STF, no plenário virtual, formou maioria para revogar leis municipais do Rio Grande do Sul e de Minas Geral, sobre uso e ensino da linguagem neutra em institutos de ensino. A linguagem neutra é uma "tentativa de uso inclusivo" da Língua Portuguesa. A Corte não apreciou o mérito, porque entendeu que a matéria é de competência exclusiva da União, que pode legislar sobre o uso da linguagem neutra a ser aplicada nas escolas. Assim, não são competentes os municípios para legislar sobre o assunto. Votaram para invalidar as leis, por falta de competência, os ministros André Mendonça, Alexandre Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Edson Fachin, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. O ministro Cristiano Zanin divergiu, sob entendimento de que cabe à gestão municipal decidir sobre a matéria. O ministro Nunes Marques acompanhou o voto de Zanin.  

Campinas/SP, 26 de abril de 2025. 

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.    
 


CNJ APURA PROMOÇÃO

Juiz Nogueira e as juízas
O Conselho Nacional de Justiça instaurou processo administrativo, visando apurar eventual favorecimento da filha do decano da Corte, na formação de lista tríplice para promoção de juízas pelo critério de merecimento. O juiz Roberto Wanderley oficiou ao corregedor nacional de Justiça, Mauro Campbell, provocando a abertura do processo. No ofício, Nogueira expõe: "Todos já sabiam que as duas candidatas mais bem votadas estavam eleitas por antecipação". Informa ainda que as magistradas escolhidas não integravam a primeira quinta parte da lista de antiguidade, em violação a dispositivos constitucionais e regulamentares. Diante desses fatos, o magistrado pediu anulação da lista. Isabelle Marne Cavalcanti de Oliveira Lima, de Alagoas; Gisele Chaves Sampaio Alcântara, do Ceará e Amanda Torres de Lucena Diniz Araújo, de Pernambuco, foram as magistradas eleitas. Acontece que Isabelle é filha do decano desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima. 

Dois dias antes da proclamação do resultado, em 26/3, Nogueira registrou em cartório os nomes das magistradas que seriam indicadas, e realmente isso ocorreu. A candidata mais votada "não integra sequer a lista exclusiva de antiguidade, composta só de juízes federais", assegura Nogueira, que não participou da votação, porque impedido. O relator do processo administrativo no CNJ, conselheiro Rodrigo Badaró, determinou notificação do TRF-5 para prestar informações. 

 

FUX QUER PENA MENOR

O ministro Luiz Fux, depois de pedir vista, no mês de março, votou ontem, 25, pela condenação de Débora Rodrigues dos Santos, aplicando-lhe a pena de 1 ano e 6 meses, porque pichou a estátua, nos ataques do 8 de janeiro. Fux puniu somente pelo crime de deterioração do patrimônio tombado, excluindo os outros crimes, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada e dano qualificado contra o patrimônio público. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou para pena de 14 anos de prisão em regime fechado. A Primeira Turma do STF, através dos votos dos ministros Alexandre de Moraes, relator, de Flávio Dino e Cármen Lucia, foi de pena de 14 anos; o ministro Cristiano Zanin votou pela pena de 11 anos, à cabeleireira Débora. A acusação é de que ela participou dos atos golpistas de 8 de janeiro/2023 e pichou a estátua da Justiça com a frase "Perdeu mané". Débora está em prisão domiciliar. 

Fux entendeu que "não há elementos da vinculação subjetiva da ré com outros acusados, necessária para a prova da coautoria nos crimes multitudinários de golpe de estado, abolição violente do estado democrático de direito, associação criminosa". O posicionamento do ministro Fux causou surpresa entre os colegas, porque ele acompanhou Moraes em quase todas as 500 condenações, referentes aos ataques aos Poderes da República. O julgamento ocorreu de forma virtual.



APOSENTADORIA COMPULSÓRIA

Deputados estaduais, em São Paulo, apresentaram Proposta de Emenda à Constituição, visando proibir o uso da aposentadoria compulsória como punição para juízes, desembargadores, além de outros ocupantes de cargos públicos. O entendimento dos deputados, no texto da proposta, é de que a aposentadoria compulsória "não seria punição, mas prêmio disfarçado de penalidade". A proposição dos deputados busca alterar o artigo 111 da Constituição do Estado de São Paulo, objetivando estabelecer outras penalidades, como perda do cargo ou demissão. Os parlamentares asseguram que o fim da aposentadoria como punição acaba com o privilégio, além de resgatar o verdadeiro sentido da aposentadoria, consistente em prêmio merecido por anos de trabalho. Eles tratam a aposentadoria como "um direito que reconhece o esforço e dedicação do servidor público ao longo de anos de trabalho árduo. Transformá-la em punição desvirtua completamente seu significado, gerando um prêmio disfarçado de penalidade, especialmente em casos de infrações graves ou má conduta. Tal prática contraria o sendo de justiça e fragiliza a credibilidade da administração pública perante a sociedade". 

A proposta foi publicada no Diário Oficial do Estado e ampliaria o alcance para governador do Estado, deputados estaduais, vereadores, membros do Ministério Público e demais servidores públicos; a Proposta contou com a união da esquerda e extrema-direita na Assembleia. O questionamento dos deputados prende-se ao fato de a aposentadoria compulsória ser a mais grave para magistrados; todavia, afastado do cargo, ele continua recebendo salário que lhe era conferido no exercício do cargo, de conformidade com o tempo de serviço. O trabalho dos deputados, se aprovada a proposta, poderá ser questionada na Justiça, porquanto matéria de competência federal, vez que prevista na Lei Orgânica da Magistratura, impossível de ser alterada por legislação estadual.   

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 26/4/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Dino dá prazo para Congresso explicar como será feito registro de autoria das emendas

Ministro do STF também intimou a AGU para que apresente o funcionamento 
do Cadastro Integrado de Projetos de Investimento, um sistema do governo 
usado para acompanhar a gestão dos recursos federais implementados 
em obras no país

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Cardeal repete fala contra Trump em funeral 

de Papa Francisco

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

Moraes encampa entendimento restritivo do STF em decisão de prisão de Collor

Especialistas dizem que ministro adotou interpretação mais rígida, 

mas divergem sobre razoabilidade no caso do ex-presidente

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

STF condena mulher que pichou estátua 
a 14 anos de prisão

Débora foi condenada por cinco crimes, inclusive golpe de estado

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Pousada Garoa: Tribunal de Justiça 
mantêm competência para análise do 
caso em Vara do Júri

Casa havia suspendido os inquéritos policiais e mandados de busca envolvendo 
a investigação do incêndio na tarde desta sexta-feira, 25

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT  

250 mil fiéis e líderes mundiais despedem-se do papa Francisco

Siga aqui as cerimónias fúnebres do pontífice argentino.